Friday, November 12, 2010

DOES INTELECTUAL FASHION EXISTS?





Para algumas pessoas que têm uma visão restrita da moda como algo fútil e volátil, há uma notória contradição entre o pensamento intelectual e o mundo da moda. Não concordo de forma alguma com esta suposição! Afinal, existe uma tradição de pensadores, académicos e escritores que se têm vindo a interessar pelo que as pessoas vestem, o seu simbolismo e significado. Talvez fosse bom lembrar as maravilhosas páginas de Marcel Proust escritas sobre a personagem Fortuny e as suas venezianas vestes. Mas, eu pretendo ir mais longe na reabilitação da imagem pública da Moda porque hoje em dia a moda consegue atrair muitos artistas das mais diferentes disciplinas como a fotografia, filmes e vídeo, pintura, artwork e outras. Este é realmente um ponto de vista muito curto ver a Moda como um conjunto de eventos sociais, glamour, luxo e luxúria. A Moda sempre carregou dos mais proeminentes nomes do mundo artístico contemporâneo, mormente fotógrafos e mais recentemente realizadores que têm criado fantásticos vídeos de moda. Os próprios criadores de moda idealizam complexos conceitos por detrás das suas colecções como Rei Kawakubo (Commes des Garçons), Gareth Pug, the Rodarte sisters Kate and Laura Mulleavy, e em Portugal Alexandra Moura, Katty Xiomara, Dino Alves, e tantos outros.


O interessante livro escrito pelo filósofo francês e critico Roland Barthes, com o titulo “ The Fashion System” fez-me, recentemente, reflectir neste tema: A aparente contradição entre a imagem pública da moda, como um mundo superficial, e o facto de a sua alegria e beleza sempre atraiu as mentes mais criativas de outros campos. O que está por detrás destas regras de atracção entre dois mundos aparentemente opostos?


Primeiro, penso que não existe de facto qualquer contradição. As pessoas desde sempre se sentiram atraídas pela beleza e pelo luxo. É humano ambicionar-se aquilo que não está ao nosso alcance, e a moda é a incarnação do que é raro e inacessível como a beleza perfeita de um corpo ou de um rosto, e de fabricação de objectos de desejo. Por outro lado a linguagem específica que a moda desenvolve permite aos criativos irem mais longe e serem mais atrevidos do que nas áreas criativas tradicionais (veja-se o caso da publicidade na moda que por vezes puxa os limites até causar reacções de choque de certas mentalidades). Por último a Moda envolve grandes quantidades de dinheiro que o mundo artístico normalmente não consegue mover (só se o artista for muito famoso ou já estiver morto). Então, Fashion Houses, como a Prada, por exemplo, têm a possibilidade de investir quantias absolutamente obscenas para promover os seus produtos, produzindo, assim obras de arte que marcam uma época, seja na fotografia de moda, editorais de revistas, lookbooks, livros, vídeos ou fashion shows. Assim, artistas, fotógrafos, produtores, realizadores de filmes, actores, escritores… têm à sua disposição recursos quase ilimitados para realizarem os seus projectos, graças aos lucros astronómicos que a indústria da moda obtém.


O que se torna visível quando usamos a expressão “Moda intelectual” é um duplo mal entendido provocado pela ignorância recíproca. Por um lado, partimos do pressuposto que os intelectuais só olham a moda de fora, como um objecto de análise externo para objecto das suas teses. E por outro que as pessoas que pertencem ao mundo da moda possuem um defeituoso conhecimento das ferramentas hermenêuticas que elas podem usar para melhor entenderem o que estão a fazer.


O que é que se pode fazer para questionar este tipo de preconceitos que julgam as pessoas do mundo da moda como esquisitas e superficiais e, do outro lado, o mundo intelectual que despreza as tendências e a beleza efémera?


Penso que devemos começar por ver a Moda como um tabu para o mundo intelectual, e promover a colaboração entre as pessoas de todas as formações de forma a obtermos a sua perspectiva “por dentro” do mundo da Moda e da sua interacção com a literatura, artes, filosofia e política. Quer gostemos ou não, aquilo que usamos e como usamos define a nossa visão do mundo e de nós próprios, e no limite, a roupa, acessórios e tendências, ou seja a Moda, definem uma época, a sua filosofia, religião, economia, ética, politicas…


Portanto, todos são chamados a contribuir para o derrube destes preconceitos, desde designers aos filósofos, dos fotógrafos aos editores, de escritores aos cineastas, de académicos a artistas, reforçando mais uma vez a extraordinária inteligência com que Baudelaire escreveu sobre a elegância e a inspiração original que permitiu a Yves Saint Laurent revisitar, a cada dia, toda a história da arte do séc. XX.

English Version
To many people for whom fashion is something futile and too volatile, there is a notorious contradiction between intellectual thinking and the fashion world. I don’t agree at all with this assumption. After all there is a tradition of thinkers, scholars, and writers being interested in the way people dress, its symbolism, and its meaning. Perhaps one should be reminded of the marvelous pages Marcel Proust wrote on Fortuny and his Venetian costumes. But I must go far in the rehab of the public image of Fashion because nowadays Fashion can attracted artists from other disciplines as photography, movies and video, painting and so many others. It’s a very short view to see Fashion as a set of social events and glamorous outfits, luxury and lust. Fashion carried the most prominent names of contemporary artist world, mainly photographers and most recently film makers with exceptionally quality fashion videos. The fashion designers themselves realized complex concepts behind their collections like Rei Kawakubo (Commes des Garçons), Gareth Pug, the Rodarte sisters Kate and Laura Mulleavy ,and in Portugal Alexandra Moura, Katty Xiomara, Dino Alves and so many others.


There is a very famous book, by French philosopher and critic Roland Barthes, entitled “The Fashion System” that make me thinking about this issue: the apparent contradiction between the public image of fashion, as a shallow world, made of social events, and the fact that its joy has always attracted creative minds from other fields. What is behind these rules of attraction between two opposite worlds?

First I think there isn’t any contradiction at all. People love luxury and beauty, the human being was always attracted by beautiful thinks and beautiful faces. Fashion is the expression of the inaccessible beauty and rarely things which lived only in the field of desire and dreams for the most of us. In the other hand, the very specific language Fashion had developed allowed creative minds to go further and to be more daring than in the traditional artistic fields. At least, Fashion moves a great amount of money that conventional artist world doesn’t at all (only if the artist is very famous or dead). So the Fashion Houses ( look at Prada universe!) can invest pornographic amounts in publicity, fashion shows, lookbooks to promote their goods. So artists, writers, actors, producers, photographers and creative minds have at their disposal sums of money that allow them to accomplish their projects without limitations.

What becomes visible, as soon as one starts to look at it, is the fact that the interaction presupposed in an expression such as “An Intellectual Fashion” results most of the time of a double misunderstanding, and of reciprocal ignorance. Most intellectuals see fashion from the outside, whereas most fashion people do not necessarily have an in-depth knowledge of the hermeneutic tools they could use to better understand what they are doing.

What can we do to change this state of mind from the Fashion world’s people who are not so weird and lack of knowledge and the most intellectual who also loved beauty and style?

I think that we must stop to see Fashion as a taboo from the artist world, people for all backgrounds must collaborate each other in order to provide an insight on their perspective on fashion, by connecting it to literature, the arts, philosophy and politics. Like it or not what we wear and how we wear it defines our world vision and our vision about ourselves, and in the limit, clothes, accessories and trends define much about the philosophy, religion, ethics, politics and economics of a period of time.

Therefore, all of us must to be contributors to destroy this wrong ideas about two worlds, from designers to philosophers, from photographers to editors, from writers to filmmakers, from academics to artists, in order to produce again the extraordinary intelligence with which Baudelaire once wrote about elegance, the unique inspiration that enabled Yves Saint Laurent to revisit, day by day, the whole history of art.

Text by Paula Lamares

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